Por Evelyn de Paula Pereira
Neste artigo vou citar alguns pontos importantes para reflexão sobre ações que os cuidadores primários da criança devem ter em relação a saúde emocional e psíquica dos filhos.
saúde mental do bebê
Estar atento a forma como lidamos com nossa saúde emocional é o ponto chave para mantermos o equilíbrio da saúde mental das crianças, pois a relação entre a saúde mental instável dos pais e o bem-estar psicológico dos filhos é significativa. É importante que os pais atentem a isso, pois segundo estudos, filhos de pais com ansiedade, depressão, estresse e outros transtornos têm maior propensão a manifestar problemas semelhantes. Portanto, cuidar da própria saúde mental é fundamental para estimular o bem-estar psíquico nas crianças.
Por isso, cito alguns pontos importantes que devemos estar atentos nos primeiros anos de vida:
A importância do contato materno
Desde o ventre é necessário estar conectada a criança, pois a emoção da mãe influencia diretamente o desenvolvimento psíquico do bebê. Após o nascimento, a qualidade da saúde mental do bebê está relacionada com o ambiente, a qualidade do relacionamento com o cuidador e suas interações emocionais mãe e filho. A construção dessa relação têm o propósito de moldar o desenvolvimento psíquico, psicológico e social da criança e ter efeitos potenciais de longo prazo psicológico e emocional.
A relação com a mãe é a primeira referência estrutural para se formar, ela torna-se a base das experiências sobre o existir. É através do olhar, do toque, do acalento, do seio e do colo fará com que a criança se sinta amada, acolhida, protegida e pertencente ao núcleo familiar. E sim, a mulher é vital nos sete primeiros anos de vida da criança, mas não quer dizer que o pai não seja importante. Mas é a ligação que conecta mais a criança nessa fase a mãe ou um cuidador primário que supra a necessidade emocional da criança.
Tanto a falta de cuidado ou o excesso deles, definem as estruturas emocionais primitivas sobre a criança. O que é fundamental quando observamos os sintomas emocionais e alterações comportamentais da criança.
Promova experimentações
É importante ter um momento do dia para interagir com a criança na sua rotina, que seja eficiente, e sobretudo, afetiva. É a sensibilidade materna entre atender e interpretar a comunicação afetiva da criança, e responder a isso de forma equilibrada, ajudará a criança a modular o estado de ansiedade ou excitação frente aos estímulos e suas frustrações. Por isso, é fundamental no momento do brincar observar as reações da criança entre: qual é a sua preferência de atividade; como reage ao ser tocada; como se comunica; qual brincadeira ela se desregula com mais facilidade; quanto de intervenção ela precisa e como entende o que é ensinado a ela; ela é uma criança que sabe lidar com frustração e com os limites do seu corpo. Esses são alguns dos exemplos de como observar as experimentações e entender seu comportamento.
"As vivências e ambientes propícios à criança, junto a seus pais, tornam a experiência mais significativa, com maior engajamento, resultando em um desenvolvimento mais equilibrado entre os campos motor (maior ímpeto para realizar a ação), emocional (incentivo leva a criança a se sentir segura e importante entre tentativas e êxito) e cognitivo (ajuda a criança a elaborar seus processos mentais)."
Apego seguro
Uma das formas da criança corresponder aos estímulos é o adulto estar acessível emocionalmente à criança para ajudar no desenvolvimento das sensações, percepções, cognição, pois a criança só desenvolve mais quando ela se sente segura, ou seja, a forma como o cuidador primário lida afetivamente com a criança frente as suas necessidades de segurança e proteção são fundamentais para a sua aprendizagem. Se os cuidadores não se sentem próximos a criança dificilmente irá interagir e explorar o ambiente que a cerca, o que pode causar quadros de ansiedade, estresse em demasia e desordem psicomotora. No momento que a criança sente segurança e conforto no seu cuidador, ela não ativa suas defesas e explora o ambiente .
Isso também vale no ambiente escolar, se a criança não sentir que o professor ou cuidador esteja disponível a ele, ou que suas necessidades não são atendidas, ela terá muita dificuldade em adaptação e demorará mais tempo para se adaptar e aprender. Em alguns casos terá que mudar de ambiente ou cuidador. Quando há afinidade entre o professor e a criança a adaptação a rotina é muito mais tranquila e saudável.
Cuidado com o que você ensina
Desde o momento que a criança começa a interagir com os pais ou cuidadores, ela passa a imitar suas ações. Logo, a criança irá reproduzir o seu comportamento, a sua fala, suas expressões e gestos como algo comum, que ainda não é capaz ainda de elaborar e interpretar. Um lar respeitoso geram filhos mais empáticos, com bom convívio social e um ser humano com mais capacidade afetiva.
No entanto, se o ambiente familiar for sem estrutura, as crianças tenderão a ser emocionalmente instáveis — e no futuro poder problemas com drogas, violência e abuso de álcool — comprometem o bem-estar e o desenvolvimento mental dos filhos. Isso pode transformá-las em adultos com um perfil semelhante, já que esse comportamento é aprendido por meio dos neurônios-espelho, estruturas responsáveis pela imitação de hábitos.
O que desfavorece a saúde mental de um filho
A saúde mental na infância é fruto das relações de afeto, do equilíbrio emocional e comportamental, moldada de acordo com a relação e vínculo familiar, social, genético e ambiental. Logo, é preciso promover condições ambientais e sociais que preconizem valores positivos e benefícios estruturais a esse processo de formação da psiquê da criança.
Escassez de afeto
Toda e qualquer privação de afeto nos três primeiros anos será refletido por toda a vida da pessoa. Num mundo corriqueiro e completamente remoto, a comunicação entre pais e filhos está deficiente provocando uma série de conflitos e desequilíbrios emocionais. Muitas vezes devido a alta demanda, os pais acabam tendo baixa conexão com os filhos durante a semana e isso acaba por não gerar a estabilidade emocional que a criança necessita para ter boa saúde emocional. O que pode dificultar a capacidade da criança em construir relacionamentos saudáveis, resultando em dificuldade de atenção e aprendizagem por não ter uma rotina estável ou comportamento mais agressivo e irritado quando frustrado, o que se acentua com a presença dos pais, transformando este convívio estressante para ambos.
Contudo, os impactos dessas questões podem ser reduzidos se os familiares da criança souberem compensar toda essa escassez de tempo com doses de afeto, atenção e carinho. Quando puder crie memórias positivas !
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Espero que tenham gostado!
Até a próxima!
Evelyn
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