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Crescer não é automático: O que estamos ignorando na infância?

  • Foto do escritor: evelyn442
    evelyn442
  • há 17 horas
  • 3 min de leitura



Estamos vendo crianças cada vez mais aceleradas… e ao mesmo tempo, atrasadas. Parece contraditório, mas não é. Em meio à rotina corrida, ao excesso de telas, à pressão por desempenho e à falta de tempo real de convivência, muitos pais acreditam que a infância vai “se resolvendo sozinha”. Que crescer é algo natural, automático, quase garantido.


Mas o que vemos, na prática, são crianças com dificuldades motoras básicas, pouco repertório de brincadeiras, inseguras nas interações sociais e com cada vez mais desafios emocionais e comportamentais.


É como se estivéssemos pulando etapas fundamentais — não por negligência intencional, mas por desconhecimento do que realmente importa.


A infância de hoje é muito diferente da de 20 ou 30 anos atrás. O tempo parece correr mais rápido. As crianças são expostas muito cedo a conteúdos e demandas que antes só apareceriam mais tarde. Tudo é para ontem, inclusive o desenvolvimento. Elas vivem conectadas, mas cada vez mais distantes de si mesmas, do corpo, do brincar, do afeto presente.


Enquanto isso, a escola também mudou. Hoje, espera-se que a criança seja capaz de argumentar, refletir, pensar criticamente, tomar decisões. O conteúdo deixou de ser apenas decorado — agora precisa ser compreendido, questionado, debatido.


Mas como exigir um pensamento complexo de uma criança que ainda não consolidou seu corpo, sua coordenação, sua linguagem, sua percepção espacial e sua relação emocional com o mundo?


Como esperar que ela se posicione com segurança se não teve oportunidades de desenvolver um apego seguro, uma base afetiva sólida que a permita confiar em si e no outro? E mais: será que nós, adultos, estamos preparados para essa nova infância? Pais, professores, cuidadores… estamos realmente conscientes do que esse tempo exige de nós? Ou seguimos repetindo modelos antigos, acreditando que basta “esperar que a fase passe”?


A educação começa pelo corpo. Antes de aprender a ler, a criança precisa ter vivido com o corpo: rolado, engatinhado, corrido, subido, caído, testado limites. É através do movimento que ela organiza seu pensamento, desenvolve noções espaciais, atenção, equilíbrio e até autocontrole.


Mas como isso é possível em uma infância sem espaço para o corpo? Com poucas oportunidades de brincar ao ar livre, de tocar diferentes materiais, de vivenciar a natureza, de se desafiar fisicamente?


A verdade é que muitas das dificuldades escolares e sociais que vemos hoje nas crianças estão enraizadas em experiências não vividas — ou mal vividas — nos primeiros anos.


Além do movimento, o que também tem faltado é vínculo verdadeiro. Não apenas presença física, mas conexão emocional. O apego seguro, que nasce da disponibilidade afetiva dos adultos, é a base para que a criança se sinta confiante para explorar, aprender e se relacionar.


Sem essa segurança, o mundo se torna ameaçador. A criança se fecha, se agita, se desorganiza. E os sinais disso aparecem de várias formas: na dificuldade de concentração, na agressividade, nos gestos de movimento e expressões, na dependência excessiva ou na apatia.


E aí, muitas famílias só procuram ajuda quando o problema já se agravou. Quando a criança já coleciona rótulos ou já perdeu parte importante da autoestima.


É preciso mudar esse olhar. O desenvolvimento não é algo que acontece do nada — ele é construído com presença, experiências significativas e a atuação de profissionais que compreendem a infância como ela é.


O professor de Educação Física, por exemplo, é um desses profissionais que costuma ser pouco valorizado. Ainda se pensa que ele está ali apenas para gastar a energia das crianças. Mas um bom professor com olhar psicomotor e integrativo faz muito mais: ele observa, acolhe, estimula, identifica necessidades e contribui diretamente para o equilíbrio entre corpo, emoção e aprendizagem.


Não podemos continuar ignorando os sinais. O corpo fala, o comportamento grita — e muitas vezes, tudo o que a criança precisa é de um ambiente seguro, de adultos atentos e de oportunidades para viver plenamente a sua infância.


Crescer não é automático. E é no simples, no vínculo, no brincar e no mover-se com liberdade que a base do desenvolvimento é construída.


E você? Tem conseguido enxergar e oferecer isso ao seu filho?

Como tem sido sua escuta, seu olhar, sua presença?

E como, juntos, podemos nos preparar melhor para essa infância que já não é mais como antes?


Vamos conversar sobre isso? Seu comentário pode abrir caminhos para outras famílias que também estão em busca de um novo olhar.


Espero que essas reflexões façam sentido para você!


Até a próxima!


Evelyn de Paula Pereira

Profa. Ed. Física/ Psicomotricista/ Colunista Rev. Materlife

Desenvolvimento infantil


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Evelyn de Paula Pereira
Profa. de Educação Física e Psicomotricista
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