O bebê passa por muitas transformações ao longo do seu crescimento. Para que isso ocorra, ele precisa receber estímulos adequados sem antecipar gestos, movimentos ou forçar habilidades que ainda não adquiriu, mas ter condições favoráveis para explorar o meio , recebendo incentivo para que explore movimentos e objetos.
É muito comum a pergunta de alguns pais sobre quando o filho vai andar, e a grande maioria acaba por estimular a postura bípede antes dele ter adquirido outros controles musculares e habilidades importantes. Esse comportamento precoce pode gerar alguns problemas no futuro, pois cada fase é fundamental para o bom desenvolvimento e organização neuropsicomotora do bebê.
Porém, outra pergunta comum é " Meu filho não engatinhou pode gerar algum problema?" Sim, pode. Desde que ele não receba estímulos adequados na escola ou pela família. Normalmente, na escola através das brincadeiras na educação infantil, os professores incentivam os alunos a rastejar e a engatinhar, para que revivenciem esses movimentos. Partindo desse principio tudo dependerá de novos estímulos. Outro ponto importante é se ele tem um bom desenvolvimento do tônus dos pés , pois é fundamental para que evite quedas ou distúrbios de equilíbrio ou desajustes posturais após os 4 anos de idade.
O tônus muscular é a atividade primitiva e permanente do músculo, além de refletir a vivência emocional do organismo, é o fundamento de toda atividade de ação. Isso ocorre desde reflexos arcaicos, pela ação do córtex , e assim, o tônus postural vai se organizando, com a função do cerebelo. O desenvolvimento motor global do bebê é considerado como a possibilidade em realizar movimentos amplos de nosso corpo. Ele permite a possibilidade de contrair grupos musculares diferentes de uma forma independente. E somente por meio dessa integração ação e movimento, é que se desenvolve a educação de sua motricidade, isto é, equilíbrio e ajustamento do repertório motor.
Por isso, é necessário que a criança desenvolva toda sua estrutura muscular e equilibrio tônico de forma segmentada da cabeça aos pés.
1. Tônus da nuca e pescoço.
2. Rolar
3. Rastejar
4. Sentar
5. Entatinhar
6. Andar
Durante o 3º mês, tônus do pescoço e da nuca vai organizando em função das posições do eixo corporal. Quando a criança passa da posição deitada e sentada com apoio, sua cabeça se mantem bem firme, o pescoço serve de suporte firme a fim de que a criança possa orientar o olhar em direção a um estímulo visual ou sonoro.
Entre o 6º e o 8º mês, a criança conquista a verticalidade e equilibra-se sentada. Esta aquisição permite uma visão mais global de seu ambiente, graças a possibilidade e aperfeiçoamento dos movimentos associados dos olhos e cabeça. Ela ficará mais segura para manipular objetos , já que seus braços estão completamente liberados e o seu tônus da cintura escapular bem desenvolvida.
Entre o 9º e o 12º mês, a criança reforça a cintura pélvica, primeiro rastejando, depois engatinhando, movimento indispensável para que consiga ficar em pé. Entre o 10º e 12º mês, ficará de pé de forma prolongada com apoio à posição bípede, primeiro titubeando e depois com firmeza.
Logo, é a própria criança e os estímulos adequados recebidos, é que auxiliará a criança a obter repertório motor e controle postural, para isso, é necessário que se respeite o tempo individual que cada criança tem para desenvolver habilidades sem pular etapas.
Caso os pais percebam algo diferente no desenvolvimento de seus filhos, procurem profissionais especializados preventivamente, como o próprio pediatra , ou na dúvida procure um neuropediatra, para detectarem se há algum impeditivo para que a criança desenvolva habilidades motoras ou cognitivas.
Portanto, estimulem seu filho brincando junto e observando seu desenvolvimento. Encoraje o bebê a realizar e superar as dificuldades, assim, ele arriscará novos desafios.
Referência
O desenvolvimento psicomotor: Do nascimento aos 6 anos. Le Boulch. ed. artes médicas. Porto Alegre, 1982.