Muitos pais e professores ficam totalmente perdidos e desorientados sobre como lidar com crianças agitadas, com problemas de comportamento ou com dificuldades em lidar com regras e limites, que podem ocasionar problemas de relacionamento de âmbito familiar, escolar ou social.
Nestes anos de experiência lidando com vários tipos de personalidade infantil nas aulas de Educação Física escolar, como Personal Trainer de Natação e Estimulação Psicomotora, tenho procurado analisar e valorizar cada tipo de comportamento, fala, conduta e dificuldade para poder atuar de forma mais efetiva no aprendizado.
Observei que algumas das situações mais frequentes são: a falta de limites e orientação no que diz respeito ao que é certo ou errado, a falta de rotina, a falta de atenção e orientação adequada dos pais ou professores. A partir dai, surgem os rótulos de criança "difícil e sem disciplina, que não para e não obedece, incapaz de ficar sentada numa cadeira, que bate nos coleguinhas, que vive brigando".
Vale fazer uma reflexão sobre esses rótulos. Será que seu olhar para essa criança está sendo o adequado? Será que você estrutura bem a rotina do seu filho em casa? Será que os professores valorizam o quê seu aluno é capaz de conquistar ou lidam bem com suas dificuldades de aprendizagem? Será que a conduta como profissional ou como mãe/pai é adequada às necessidades da criança?
É preciso lembrar que a criança é reflexo de seu meio, seja no contexto escolar ou familiar. Cabe a cada um analisar suas reações e o que as motiva antes de julgar ou rotular a criança. Isso poderá evitar que, no futuro, a criança venha a se comportar de maneira inadequada para chamar a atenção.
Seguem algumas dicas para pais:
- Estruture e participe da rotina de seus filhos em casa, estabelecendo horários fixos para brincar, estudar, alimentar-se, tomar banho e dormir, pois a falta de estrutura em casa dificulta criança a lidar com regras. Os limites devem ser estabelecidos desde cedo, conforme a capacidade de compreensão de cada faixa etária. "A birra que é premiada gera uma falta de respeito que tende a crescer com a idade".
- Dê atenção efetiva ao chegar em casa depois do trabalho, olhe os cadernos, revise as lições e pergunte se precisa de ajuda.
- Dialogue com seu filho, demonstre seu amor a ele e não substitua atenção por presentes. Crianças precisam de carinho e atenção para se sentirem amadas e com a auto-estima elevada.
- Em educação, tudo que é radical é ruim. Por esse motivo, pais muito autoritários, por exemplo, acabam gerando filhos tímidos e com pouca criatividade. Castigos físicos, nem pensar, pois a agressão gera medo, não respeito, e não pode fazer parte da relação entre pais e filhos. Já as repreensões morais são mais recomendáveis, e quando necessárias, devem ser proporcionais e aplicadas logo após o erro. Contudo, seja firme ao repreender seu filho mantenha sua palavra e resolução até o fim por mais que doa. Quando os pais cumprem o que falam, a criança passa a respeitar mais as regras e limites estabelecidos, e pensará duas vezes antes de cometer o mesmo erro.
- Analise seu comportamento ao repreender seu filho, seja firme, porém não valorize apenas seus erros. Valorize também os bons comportamentos. Por isso, quando a criança é pouco elogiada e criticada em demasia, isso acaba reforçando o comportamento negativo e ela sempre tenderá a repetir esse padrão para chamar a atenção. Portanto, valorize suas conquistas e não reforce seus pontos negativos. Isso funciona porque a criança receberá atenção de forma positiva, o que proporciona o mesmo resultado da repreensão.
- Pessoas ignoradas sentem-se vazias e infelizes. No caso das crianças, elas simplesmente externalizam da forma que conhecem. Elas atacam para se defenderem do mundo.
Dicas para professores:
- Analise a dificuldade da criança e trabalhe em cima dessa dificuldade para que ela supere o problema.
- Não rotule a criança. Ex: “Nossa só poderia ser fulano!” ou “ Essa criança ninguém merece”.
- Estabeleça laços emocionais com a criança, faça com que ela se sinta importante em sala e socialmente.
- Peça para ser sua ajudante. As crianças se sentem importantes quando ajudam seus professores.
- Não ignore ou desvalorize a dificuldade da criança, pois ao ignorá-las, elas se sentem vazias e infelizes. Elas simplesmente exteriorizam da forma que conhecem atacam para serem vistas e chamar a atenção.
- Reforce as qualidades de cada criança. Cada vez mais ela compreenderá que é muito melhor fazer coisas que gerem reações positivas, do que fazer algo que a chateie. Elogie sempre que ela fizer algo positivo. Quanto aos pontos negativos, após repreender o comportamento ruim, dê o assunto por encerrado.
Espero que essas dicas ajudem a lidar melhor com as crianças!